sábado, 28 de novembro de 2009

À procura da fórmula redacional perfeita...

Um dos desafios no projeto de biografar uma pessoa é encontrar a melhor fórmula redacional para a história a ser contada. É preciso ter muito critério na escolha do estilo do texto, além de avaliar minuciosamente seu formato, se o relato seguirá uma linha temporal contínua ou não, como serão divididos os capítulos, etc. Não é tarefa fácil!
Para buscar inspiração, tenho recorrido a outras biografias interessantes e analisado suas fórmulas redacionais. O interessante é verificar que livros excelentes possuem estilos totalmente diferentes.

"Autobiografia de Malcolm X", por exemplo, sobre a vida deste grande líder negro estadunidense*, é narrada em primeira pessoa, apesar de o texto final ter sido escrito pelo jornalista Alex Haley - com base em várias horas de depoimentos de Malcolm X. É um clássico! O texto é bem simples e o ritmo da narrativa torna a leitura muito agradável, do início ao fim. Leitura indispensável!
"O Anjo Pornográfico", biografia de Nelson Rodrigues escrita por Ruy Castro, é outro livro primoroso. Vale frisar que, neste caso, a própria história de vida de Nelson Rodrigues, verdadeiramente impressionante, já é um ponto muito positivo para que o livro fascine o leitor. Mas isso não tira os méritos de Ruy Castro - um ótimo escritor, mas que, infelizmente, também foi o autor de uma das frases mais estúpidas que já vi: "O hip-hop faz mal à saúde".
"Olga" e "Chatô: o Rei do Brasil", de Fernando Morais, conseguem ser livros excelentes com textos concisos, de vocabulário simples, algo bem próximo do jornalismo, mas com cacoetes literários na medida certa.
Também merece menção outro livro deste autor, "Corações Sujos", que não é exatamente uma biografia, mas oferece boas sugestões de técnica redacional. Outro aspecto que merece ser lembrado nos trabalhos de Fernando Morais são as profundas pesquisas documentais que ele faz - com várias reproduções importantes permeando as fotografias. Preciso trabalhar melhor com essa parte...

Em "Nelson Triunfo: Do Soul ao Hip-Hop", opto pela narrativa em terceira pessoa e quero produzir um texto com certa veia literária, mas que seja de fácil leitura. Com riqueza de detalhes na descrição de cenários e situações, porque a história de vida do Nelsão é extremamente cinematográfica. Inclui, por exemplo, ambientes como o remoto sertão pernambucano, a periferia do Distrito Federal e a sempre apressada metrópole chamada São Paulo.
Minha intenção é contar essas passagens todas sempre mantendo um pé no jornalismo e outro na literatura. Ainda não decidi se a narrativa seguirá uma ordem cronológica linear. Talvez, eu "embaralhe" relatos de épocas diferentes, para estabelecer as conexões entre diferentes acontecimentos da vida do Nelsão.
Se alguém estiver lendo isto, aproveito para pedir sugestões de outras biografias em que eu possa buscar inspiração, assim como opiniões sobre como acha que eu deva tratar o texto para uma missão tão importante.


*Utilizo a expressão "estadunidense" porque "norte-americano" é mais adequado para se referir ao conjunto formado por EUA, Canadá e México.

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